Severino era um homem simples do campo. Tinha sua rotina diária, que consistia em acordar às 6h, tomar café-da-manhã com a família, normalmente um pedaço de pão molhado ao leite, ia para roça trabalhar até as 12h, quando parava para comer a marmita que sua mulher lhe trazia todo dia a essa hora, sempre um pouco de arroz misturado ao feijão de corda, e um pedaço de carne, ou de bode ou de tatu. Sim, tatu. Aquela região era conhecida mundialmente pela sua imensa quantidade de tatus, e até hoje não se sabe o motivo para tanto tatu. Já teve diversas dissertações de mestrado, teses de doutorado, artigos publicados, todos falando sobre os tatus dessa região, mas nenhuma delas chegava num consenso. Voltando a história, o dia de Severino continuava às 14h, quando ele voltava para roça, e trabalhava até as 19h, quando ele guardava a enxada, e voltava pra casa. Em casa, à noite, ele sempre seguia o mesmo ritual, entrava, jogava o chapéu de palha no canto da casa, da onde depois a mulher pegava para guardar no seu devido lugar, sentava no sofá, chamava Mariazinha, a filha mais nova, para lhe fazer massagem nos pés, gritava por Pedro, o filho homem mais novo, para que este lhe trouxesse um copo de água. Após isso, ele ia pra cozinha, onde se sentava a mesa junto com a mulher e seus 7 filhos, Roberto, Paula, Valdiscreisson, Vilmar, Pelé, Pedro e Mariazinha, todos “da Silva”. Todos jantavam cuscuz com ovo, e iam dormir.
Em um desses dias rotineiros, algo de estranho aconteceu. Severino olhou para o céu, cansaço após um longo dia de trabalho, e passando a mão na testa para limpar o suor, e avistou uma luz estranha, de uma tonalidade que uma mulher refinada de cidade grande chamaria de “bordô”, mas para ele era simplesmente “vermeio”. A luz estava aumentando e se aproximando, até que já era possível notar um círculo e não apenas um ponto. Esse círculo se movimentava de maneira estranha, como se estivesse procurando algo, fazia movimentos para um lado, e para o outro, e vinha descendo cada vez mais, até se estabilizar numa certa altitude. Nesse momento, surgiram vários caças de várias direções, indo a toda velocidade em direção ao objeto estranho, e atirando mísseis. O objeto vermelho se desviou e saíram vários feixes de luz verdes dele, 3 deles atingiram 3 caças, que explodiram instantaneamente. Foi então que um dos caças, em uma manobra arriscada, aproximou-se do objeto e conseguiu acertar-lhe um míssel. O objeto explodiu, e os caças que sobraram pousaram no lugar onde caíram os destroços do objeto. Então Severino, após ter presenciado isso, volta para casa, joga o chapéu no canto, senta no sofá, e grita:
- Ôh Mariazinha! Vem cá fazer massagem nos pé de seu pai!
